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6 horas de luz

 

Metros e metros de papel, horas e horas. Dias e dias são de fato necessários para que Marlene Stamm capture, registre e reúna suas 6 horas de luz.

Precisamente, 530 aquarelas. Muito além do virtuoso domínio da técnica, a atenção recai na minúcia de um método preestabelecido para a consecução paciente.

O resultado, quantificado num espantoso número exato, termina por evidenciar o procedimento por repetição exaustiva: para cada imagem acende-se um fósforo, cronometra-se e anota-se a duração da chama. Só então a aquarela. Depois, unidades e desenhos são arquivados. As aquarelas juntamente ao espaço conforme a ordem de feitura, forrando paredes especialmente calculadas para abrigá-las.

Muitas das ocorrências se assemelham: ora as imagens, ora a duração das operações coincide. trata-se, afinal, de uma norma inventada para uma atividade sem função prática, que implica em dosagem entre o acaso inescapável e a previsibilidade típicas dos materiais industriais.

Cada fragmento é a própria testemunha desse exercício compenetrado de absorção; e, lado a lado, as aquarelas reiteram o acúmulo temporal tematizado.

 

Tempo que, ali, desdobra o seu próprio espaço.

 

Liliane Benetti

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